A lenda de que vou contar hoje teve origem na China, durante o período Hokuso. Segundo a lenda original chinesa, todos nós temos uma corda vermelha (invisível aos olhos humanos), amarrada ao nosso tornozelo, que nos liga à nossa alma gémea, a pessoa com quem estamos destinados a passar o resto da nossa vida não importando a situação. Então é isso mesmo que o Akai Ito é: "Um fio vermelho invisível que conecta os que estão destinados a conhecer-se, independentemente do tempo, lugar ou circunstância. O fio pode esticar-se ou emaranhar-se mas jamais se quebrará." Quanto mais longo for o fio, mais longe e tristes as pessoas destinadas estão e vice versa... (Quanto mais curto for o fio, mais perto e mais felizes as pessoas destinadas estão.)
A lenda espalhou-se pelo Leste Asiático (Japão & Coreia) e foi incorporada no folclore oriental, sofrendo apenas algumas modificações. A versão mais conhecida desta lenda é a versão nipônica, na qual a corda passa a ser um fio fininho e o tornozelo passa a ser o dedo mindinho. Um fio fino vermelho (diz-se que é de algodão), também invisível aos olhos humanos, é amarrado, pelos deuses ao dedo mindinho dos futuros amante. E, claro, como estamos falando de alma gémeas, apenas duas pessoas podem estar conectadas... Por isso, não importa quantos relacionamentos tenhamos, pois só viveremos a "experiência do verdadeiro amor" com a pessoa que estiver na outra ponta do Fio Vermelho.
Para que vocês entendam melhor, vou contar uma historinha para vocês ^^
Debaixo da escura noite, iluminada apenas pela brilhante lua cheia caminhava, apressadamente, para a sua casa um pequeno menino. Enquanto caminhava encontrou um velho, sentado por baixo de uma árvore observando a grande lua.
- Boa noite rapaz! - Disse-lhe humildemente o velho que, na realidade, era o Deus Xia Lau Yue .
O menino nunca antes vira o velho, por isso, continuou o seu caminhou sem lhe prestar atenção.
- Sabes! - continuou o velho. - Devias começar a preparar-te para o teu destino. Já não falta muito para te tornares um homem e, como todos os todos os homens, precisas de arranjar uma esposa.
O menino era ainda muito jovem e não mostrava nenhum interesse em se casar.
-Eu nunca me vou casar. - Disse amargamente.
- Isso só o destino pode dizer. E sabes o que ele diz agora?
Mesmo não estando a gostar muito da conversa o menino acenou que não com a cabeça.
-Ele diz que te casarás com a jovem que estiver do outro lado da corda que amarrei ao teu tornozelo.
Pela primeira vez,o menino conseguiu ver a corda vermelha amarrada ao seu tornozelo, que se estendia no chão formando um estreito caminho cor de sangue. Na outra ponta da corda estava uma jovem garota, sentada à porta da sua casa, observando o céu escuro da noite. O menino não queria acreditar no que os seus olhos viam, pegou então numa pedra e atirou-a ao rosto da menina, pensando que aquilo seria o suficiente para a manter longe dele para sempre. De seguida, limpou as mãos sujas de terra aos calções e correu, como nunca antes havia corrido, passando por tortuosos caminhos, deixando completamente emaranhada a corda vermelha que continuava amarrada ao seu tornozelo, mas que por algum motivo, já não conseguia ver.
Passaram-se anos, e o menino de outrora tinha-se transformado num belo homem cobiçado por muitas mulheres. Ele sabia que tinha de desposar um daquelas mulheres para honrar a sua família, dando-lhe continuidade, mas a verdade, é que nenhuma daquelas mulheres lhe interessava. Na aldeia diziam que mesmo que procurassem pelo mundo inteiro jamais encontrariam uma dama que lhe agradasse.
O menino, agora já homem, esquecido da conversa que tinha tido com o velho à uns anos atrás, caminhava debaixo da lua cheia, pensando que talvez nunca conseguisse encontrar o seu par ideal. Foi então que, passando por uma das casas da região, viu a silhueta de uma mulher. Pela primeira vez, sentiu que aquela era a mulher com quem queria passar o resto da vida, mesmo que dela conhecesse apenas a sua silhueta.
Essa jovem, por quem se apaixonara era conhecida como sendo uma das mais belas mulheres da vila, contudo raramente saia de casa por ter vergonha do seu rosto.
No tão esperado dia do casamento, a jovem não mostrou o rosto, mantendo-o escondido por baixo de um grosso véu. No entanto, no fim da cerimônia, quando se encontravam sozinhos, o homem não conseguiu esconder a curiosidade e perguntou-lhe por que motivo ela escondia o rosto.
-Ninguém o quereria ver. É feio e está marcado por uma horrível cicatriz. - respondeu.- Quando era pequena um rapaz atirou-me um pedra ao rosto, deixando uma cicatriz sobre a minha sobrancelha.
Aquelas palavras trouxeram-lhe à memória aquela noite. A noite em que tinha falado com o velho, o Deus Xia Yue Lau. E com um suave movimento retirou o véu à sua esposa, deparando-se com a mais bela mulher que alguma vez havia visto. Nesse dia o jovem percebeu que não adianta fugir, pois o destino do Akai Ito será sempre cumprido.
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