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quarta-feira, 29 de julho de 2015

QUANTO VALE UM PARCEIRO?

Hoje em dia, querida leitora, arrumar um moço para chamar de “meu namorado” está tão fácil quanto conseguir uma fitinha do Bonfim em Salvador, uma colherada de açaí no Pará e um alucinógeno em Amsterdam. Ficou mais fácil, até, do que arrumar água em Sampa.
E mesmo que você não tenha a malemolência da Shakira, a barriguinha da Pugliesi e o sorrisão da Isis Valverde, saiba que o planeta abriga uma quantidade considerável de homens que topariam assumir algum tipo de relação com você. Caras que, por você, alterariam o status de relacionamento do Facebook, usariam um vistoso anel de compromisso e, até, depilariam o redor dos mamilos.
Porém, se você busca mais do que uma piroca amiga e alguém para entregar uma cópia da chave do seu coração, eu gostaria de lhe dar um importante conselho. Posso? Dê preferência ao cara que, antes mesmo de dizer que quer ser o seu namorado, demonstrará que deseja – e muito! – ser o seu parceiro para o que der e vier.

Pedir você em namoro – ajoelhado sobre o chão engordurado de uma praça de alimentação e segurando um pomposo buquê de rosas colombianas – é bico, muito fácil mesmo. Qualquer homem com um pouco de cara de pau e pinga no sangue consegue. Ser parceiro, meu bem, é mil vezes mais difícil. Sabe por quê? Porque exige muito mais do que palavrinhas bonitas e retratos românticos postados em redes sociais. A parceria, diferente do namoro – que para acontecer requer apenas um “Sim, eu aceito ser seu namorado!” -, exige muitas demonstrações e atitudes reais para se tornar visível.
Conheço gente que teve diversos namorados – e maridos –, mas que nunca, nem em sonho, teve um parceiro de verdade. Como assim? Simples: nem todo namorado/noivo/marido é, de fato, um parceiro. Aliás, poucos são.
Ser parceiro não é apenas dividir garrafas de champanhe para comemorar a promoção profissional daquele que acelera os seus batimentos cardíacos. Ser parceiro, de verdade, é trabalhar em dobro caso a pessoa que você ama perca o emprego. E falar com gente que você tem vontade de matar só para ajudar o seu amor a arrumar um trabalho. É deixar de dormir, sem reclamar, porque a pessoa que você quer ver bem está precisando de uma mãozona – e de alguns braços – para montar um novo currículo.
Ser parceiro não é apenas dividir guloseimas exóticas em ilhas paradisíacas do Caribe. Ser parceiro, de fato, é deixar de viajar no Réveillon quando a sua amada, por causa de ordens do chefe, não puder sair de São Paulo. É deixar de viajar e ainda ter a coragem de inventar uma mentirinha do bem: “Sabe, amor, eu não estava muito a fim de ir à Bahia mesmo!”. E fazer de tudo para que Sampa, no último dia do ano, fique mais iluminada do que Salvador. É mostrar que você, na Bahia ou na Cracolândia, continuará perto dela e pronto para fazê-la rir.
Ser parceiro não é apenas compartilhar doses efervescentes de vitamina C. Ser parceiro também é dividir viroses, salmonelas, coxinhas estragadas, ressacas e conjuntivites. Quando se é parceiro, desses que matam e morrem pelo ser amado, mais preocupante do que pegar a gripe dela é deixa-la sem cuidados, chás e cafunés.
Por isso, se em meio a tantos candidatos vazios você conseguir encontrar um ser disposto a ser o seu parceiro até em dias de terremoto – e de TPM demoníaca, o que é bem mais assustador -, não o perca por nada. Não o solte. E, principalmente, não caia na besteira de trocá-lo por barbas cerradas, queixos quadrados e abdomes rasgados. Tentações, certamente, vão aparecer para mexer com você e arrepiar a sua espinha, porém, lembre-se: nenhuma tentação passageira vale o risco da perder uma parceria duradoura e cultivada à base de muita dedicação, carinho e zelo. Por mais doloroso que um “não” possa parecer, em nome do laço que você não encontrará em qualquer esquina, rejeite o tentador convite do moço de queixo quadrado. O mesmo vale para você, irmão, que agora está pensando em trocar a sua parceira por uma bunda empinada. Não vale a pena. Fique com aquilo que vale mais, ou seja, com a parceria.
Diferente dos bíceps e das bundas que, com o tempo, geralmente enfraquecem e amolecem, as parcerias verdadeiras, com o passar dos anos, tendem a ficar mais fortes e sólidas.
Definir “parceiro” em apenas uma frase? O parceiro é aquele que divide as nossas tristezas e multiplica as nossas alegrias.

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